Cantor e actor profissional desde 1982, considerado um dos mais originais e brilhantes artistas portugueses, Fernando Pereira foi já estudado por médicos e especialistas da voz num simpósio internacional e realizou, até à data, cerca de 3.500 actuações pelo país e pelo mundo, divertindo, cantando e imitando de forma absolutamente surpreendente, todas as grandes vozes do vasto e diverso panorama musical.Dificilmente se encontrará, em Portugal ou no estrangeiro, um cantor com semelhantes características. Um artista capaz de produzir, só por si e com o seu único aparelho vocal, tal impressionante infinidade de sons, cantando fielmente nas mesmas tonalidades, timbres e registos de quase todos os grandes cantores de que há conhecimento, sejam eles homens ou mulheres, ligeiros ou líricos, tenores ou sopranos.Não há realmente memória de alguma vez ter existido ou existir alguém com estas capacidades, usando o seu instrumento vocal de forma tão multifacetada, completa e perfeita, ao ponto de nos fazer esquecer e imaginar, fechando os olhos, que estamos na presença de um qualquer truque ou gravação…
Se aliarmos esta performance absolutamente inédita e invulgar, ao facto do artista poder ainda exprimir-se fluentemente em vários idiomas e possuir por natureza uma personalidade simpática, afável e divertida, estamos então na presença de um fenómeno ímpar de entretenimento, gerador de enorme empatia e popularidade, mas também de elogios, aplausos e sucessos, quase sempre insuportáveis para uma boa parte do país mesquinho, invejoso e egocêntrico que vive muitas vezes entre nós.
Para quem quiser hoje, de forma clara e livre de preconceitos, perceber quem é e o que representa realmente Fernando Pereira no universo artístico, bastará apenas conhecer um pouco melhor o seu trabalho e a sua biografia. As estórias, segredos, factos e números, que fazem deste singular cantor português o grande senhor das vozes.
O ARTISTA E OS SEUS PÚBLICOS
Desde o início das sua carreira que Fernando Pereira viu o seu trabalho abundantemente solicitado em todo o país e para todo o tipo de situações. Praticamente até meados dos anos 90, durante cerca de 10 anos, o artista foi o grande campeão de concertos, vivendo dividido sistematicamente entre as grandes festas populares, mais comuns pelo interior nos meses de verão e os grandes eventos empresariais, mais concentrados em Lisboa e Porto nos meses de Inverno. Durante muitos e largos anos, mais do que seria de facto normal num país com a nossa dimensão, enquanto todos os outros grupos e artistas de topo realizavam médias de 50 a 70 concertos anuais, Fernando Pereira e a sua banda fechavam sempre as temporadas com 150 ou 160 espectáculos, solicitados essencialmente por Câmaras Municipais, organizações locais, grandes hotéis, casinos e, o que é ainda mais interessante, por muitas das grandes empresas e marcas sedeadas em Portugal, estrangeiras e nacionais, dos mais diversos ramos de actividade e que representavam cerca de 40 a 45% do total de vendas anuais do artista. As grandes agencias de publicidade, as marcas de automóveis, de electrodomésticos, de cosmética, os laboratório médicos, os serviços e instituições de todos os tipos, muitas vezes de uma forma quase repetida ano após ano, não dispensavam o original e divertido espectáculo do cantor, imitador e “entertainer” – o homem das mil e uma vozes Fernando Pereira – acompanhado da sua magnífica equipa de cantoras, músicos e técnicos altamente profissionais.
O seu reconhecido prestígio levou-o a actuar várias vezes para o Presidente da República Portuguesa e, um pouco por todo o lado, a representar o País em vários eventos oficiais. Entretanto, as suas capacidades artísticas chamaram a atenção não só do público em geral, mas também da comunidade científica. No Simpósio Internacional da Voz, que teve lugar na Universidade de Medicina do Porto, numerosos cientistas examinaram as suas cordas vocais, descobrindo um instrumento de características realmente invulgares e, em Abril de 1995, no 1º Congresso Mundial da Voz, foi um dos artistas convidados a actuar no evento, juntamente com José Carreras, Ileana Cotrubas, Teresa Berganza e outros conceituados cantores clássicos internacionais.
Ao longo de 25 anos de carreira, obteve vários discos de ouro e platina, assim como interveio em dezenas de programas para televisão. Possuidor de um vasto repertório internacional, realizou já digressões que o levaram à Alemanha, África do Sul, Austrália, Bélgica, Bermudas, Brasil, Canadá, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, França, Luxemburgo, Rússia e Suiça, onde um dos seus programas de televisão representou a RTP no Festival Internacional Rosa D’Ouro, em Montreux, tendo sido classificado nesse ano entre os dez melhores ali apresentados.
O SONHO AMERICANO
Com um longo caminho percorrido por todo o tipo de espectáculos em Portugal, com centenas de horas em televisão, várias voltas ao “país real” e muito bem sucedidas apresentações, por diversas vezes, nas melhores e mais prestigiadas salas nacionais, como o Casino Estoril, a Aula Magna, ou os Coliseus de Lisboa e do Porto, entre outros, impunha-se então ao artista cumprir novos desafios a nível internacional.
Ao contrário do que se poderia imaginar, a oportunidade de Fernando Pereira iniciar uma carreira nos Estado Unidos da América, a “Meca” do showbusiness, surgiu afinal de uma divertida provocação. Um empresário artístico de Nova Iorque, o Sr. Ron Owens, ao assistir um dia, por acaso, a uma gravação de vídeo em que “um certo cantor português” interpretava o famoso tema We Are The World, imitando na perfeição todas as vozes dos seus intervenientes, afirmou categoricamente: “That´s not possible… one single man can’t do that… he is lip-seeking… I will only believe it when I see it…”
Ao tomar conhecimento do comentário, a resposta do artista português foi peremptória: “Organizem então um bom espectáculo para a nossa comunidade aí… Se garantirem a presença desse senhor que quer ver para crer, eu não vos peço mais nada… é uma oferta minha aos portugueses…” E foi assim que Fernando Pereira garantiu o seu primeiro contrato com um empresário americano. Demorou cerca de um ano até chegar à cobiçada “Arena” do famoso casino Trump Taj Mahal em Atlantic City…
Para esse grande espectáculo, montado e produzido por si nos estúdios do Broadway Dance Center, com uma equipa de criativos, coreógrafos e músicos exclusivamente norte-americanos, o artista Fernando Pereira fez então questão de organizar uma verdadeira embaixada de cultura, moda, turismo, gastronomia e produtos de Portugal. Apoiado pelo ICEP, a RTP Internacional, a TAP, a Radio Comercial, toda a imprensa e algumas das melhores empresas da comunidade, foi possível realizar o histórico Taste Of Portugal, onde os convidados especiais para uma primeira parte do espectáculo bem portuguesa, foram Carlos do Carmo, Maria da Fé, Paulo de Carvalho e Dulce Pontes, que realizaria assim neste evento a sua primeira actuação no estrangeiro.
Um evento semelhante foi desenhado por Fernando Pereira no ano seguinte, também no casino Trump Taj Mahal, onde os artistas vindos de Portugal foram então Rui Veloso, Nucha e Pedro Abrunhosa. Curiosamente, foi também neste evento que o grande ídolo da “pop” português actuou pela primeira vez no estrangeiro, tendo ainda ali contactado com os músicos americanos do “entertainer”, alguns também ligados ao cantor Prince e que com ele gravariam posteriormente o álbum “Tempo”…
Entre 1993 e 1997, o período em que permaneceu mais assiduamente nos Estados Unidos, o artista Fernando Pereira realizou cerca de 120 espectáculos com as suas cantoras e músicos americanos. Dessas actuações, cerca de 90 a 95, naturalmente faladas e apresentadas em inglês, com repertório essencialmente internacional, foram realizadas em salas, teatros e hotéis de Chicago, Toronto ou New York e, muito especialmente, em grandes casinos de Las Vegas ou Atlantic City. Os casinos foram ali sempre o melhor e mais rentável mercado do artista.
As restantes 25 a 30 apresentações, na sua maioria em condições muitíssimo especiais, tiveram lugar essencialmente em grandes restaurantes, clubes e associações portuguesas, um pouco por todo o lado, nos Estados Unidos e Canadá. Muitas delas seriam integradas em acções comunitárias de solidariedade e beneficência.
Críticas constantes de alguns sectores da comunidade, que pelo percurso internacional do cantor o acusavam, inexplicavelmente, de “não gostar dos portugueses”, aliadas a fortes razões pessoais e familiares, estiveram na origem do regresso de Fernando Pereira a Portugal. O artista resolveu então abandonar por algum tempo um projecto, que começando por um lado a ganhar mais consistência, exigia por outro cada vez mais a sua presença, talvez mesmo até a própria residência, nos Estados Unidos da América.
O REGRESSO A CASA
Foi em 1997, após regressar definitivamente a Portugal para reactivar aqui a sua actividade, que surgiu o convite da Sociedade Estoril-Sol, através de Júlio César e Mário Assis Ferreira, para protagonizar o espectáculo “Variações, António”, ponta de lança na reabertura do recém adquirido e renovado Casino da Póvoa. Renitente inicialmente, mas convencido depois pelas excelentes condições oferecidas, o artista acabou por aceitar o desafio. O enorme sucesso no Casino da Póvoa, fez saltar o “Variações, António” até ao Estoril, onde o espectáculo permaneceu numa produção ainda mais deslumbrante, até finais de 1998.
A experiência do “Variações” fez com que Fernando Pereira descobrisse o gosto e o talento para a produção deste tipo de espectáculos musicais. Na sequência das obras de beneficiação do Casino Estoril, o artista aceitou o convite da concorrente Solverde, concessionária entre outros dos casinos de Espinho e Vilamoura, para criar e produzir em parceria com a coreógrafa Belinda King, os seus novos espectáculos residentes.
A parceria com a amiga e coreógrafa inglesa correu muitíssimo bem e as produções que ao longo de três épocas ambos criaram e desenharam para Espinho e Vilamoura foram, ano após ano, um enorme sucesso.
“Superstars In Concert”, durante 1999, “Brasil, 500 anos de Paixão”, ao longo do ano 2000 e “Portugal 3001”, que esteve em Espinho e depois Vilamoura, de Março de 2001 até Setembro de 2002, foram sem dúvida e de longe, as mais originais e bem construídas produções residentes que alguma vez passaram pelos casinos da Solverde.
Esta passagem pela criação de grandes produções musicais e temáticas, com a participação de dezenas de artistas, bailarinos, cantores, músicos e atracções visuais, complementada com a sua já longa experiência de todo o tipo de espectáculos na “estrada” e para empresas, eventos ou televisão, tanto em Portugal como no estrangeiro, fazem provavelmente de Fernando Pereira um dos artistas mais experientes e versáteis, também enquanto criador e produtor de grandes espectáculos musicais.